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É possível interagir de forma saudável com as redes sociais?



Eu lembro muito bem das vezes em que ligava o computador na casa da minha avó. Na época escolhi uma mesa cinza com detalhes rosa, a única mais "moderna" da única loja de papelaria e móveis de escritório que tinha na cidade.


Minha relação com o que seria chamado futuramente de redes sociais era incrível. Fotolog, flogão, msn, orkut... claro que qualquer espaço social pode e vai nos afetar de algum modo, e nesse sentido essas redes antigas funcionavam iguais as de hoje, era possível se sentir inadequada, incompleta, substituível, sozinha e todas as terríveis possibilidades que vemos acontecer nos dias atuais, só que numa proporção assustadora e numa ótica distorcida.


É possível entrar em contato com tudo de ruim que possa existir no mundo através da internet. É possível encontrar isso também no mesmo andar do seu apartamento, na esquina mais próxima da academia que você frequenta, em mansões e periferias. Isso nunca foi novidade.


Mas gostaria de falar sobre como esses espaços mantinham minha curiosidade, criatividade e disponibilidade em aprender. Acredito que não deveríamos estar falando sobre O QUE devemos ou não consumir, em se tratando de redes sociais. E por um momento nos ater a COMO devemos fazer isso. Tenho uma teoria nada revolucionária: é possível (a muito custo dado o profundo buraco onde nos enfiamos) ter uma boa relação com esses aplicativos, se tivermos uma boa relação com nosso próprio tempo, podendo assim, estarmos conscientes de como e para quê estaremos consumindo aquilo.


Naquela época, tudo era novidade. Penso que agora tudo nasce velho e vencido, e dependendo do lado em que você esteja na nossa sociedade, isso pode ser rentável ou catastrófico. Por mais que essa discussão tenha uma série de outros caminhos a serem percorridos, vou me ater ao único caminho que me interessa neste post, exclusivamente.


Se hoje tudo nasce velho e nada mais nos surpreende, à de ser assim em tudo. Não conseguimos lutar contra a constância de se olhar sempre com os mesmos olhos e respirar sempre o mesmo ar. Uma hora ou outra a gente se torna o que antes era só um corpo estranho brotando na sarjeta. Hoje é tão comum que deixou de ser estranho.


O que tem acontecido então, para que as pessoas estejam consumindo esses espaços sociais de forma tão adoecedora?


O modo atrofiado de se olhar e de olhar o mundo. A pressa que imita tudo que nasce hoje e faz com que tudo já venha velho e vencido. Não existe satisfação, nem novidade. Nem desejo por se fazer novo. Ignoramos inclusive nossa habilidade mais bonita: mudar. E ficamos emburrados quando o externo nos convida para um programa diferente do que programamos há 3 anos atrás e continuamos a seguir.


A questão é: é possível, ainda que difícil, estar em contato com as redes sociais de forma saudável. Para isso precisamos encontrar uma forma de estar em contato de forma saudável com nossos familiares (aqueles que nos aceitam como somos), estar em contato com nosso corpo e suas necessidades, estar em contato com aquilo que nos é sensível. E essa última é a mais importante, difícil mesmo é a gente entender que poder ser afetado pelo mundo é uma habilidade, e como qualquer outra habilidade, precisa ser livre para se ajustar aos ambientes em que transita. Assim como um tênis novo que nos cortam os calcanhares, as coisas que sentimos quando entramos em contato conosco e com o mundo, é um processo de encontrar meias adequadas, palmilhas corretas e tempo.


Resumindo: o que vemos é um reflexo do que somos. Para que se veja algo novo, é preciso se fazer novo.


Me conte algo novo sobre você. Uma loucura, uma revolução, uma causa para se lutar. Depois que tiver olhado para isso, mostre aos outros como você vê. Uma hora a imagem deixará de ser distorcida.




 
 
 

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