Alguém salve esse psicólogo da psicologia!
- Aryana Soares
- 18 de jun.
- 2 min de leitura

A vida de psicólogo é um mundo mesmo. Infinitas abordagens, incontáveis formações, especializações, cursos, grupos de estudos, de supervisão, de intervisão e por aí vai. E não sei como, mesmo em meio à tantas possibilidades, ser psi é antes de tudo, ser um pouco sozinho. Ao menos naquela fração do tempo em que você está pensando coisas que não dá para compartilhar em sua vida pessoal.
Tenho observado e acompanhado alguns profissionais e isso tem me proporcionado perspectiva para falar sobre algo que já é material de estudo e pesquisa há algum tempo. Profissionais da psicologia possuem uma dificuldade imensa em associar sua própria personalidade nos momentos em que está sendo psi. Isso porque a ideia de higienizar nossos traços em busca de conseguir ser "profissional", levou os mesmos a pensarem que não conseguiriam ser profissionais sendo eles mesmos. E eu falo sobre nuance mesmo, não concordo que isso seja feito de forma imatura e antiética, o ponto é que: tem psi sem conseguir atender ou se manter nas redes sociais, por não compreender qual é o "próximo passo".
E o próximo passo obviamente não se revela facilmente, por essa e outras razões, tenho a inclinação em pensar que essa sensação de "próximo passo" sinaliza uma desconexão ou certa falta de sensibilidade ao que lhe é naturalmente sentido, ao fluxo das coisas, a analise ainda pobre, mas ao menos existente, de uma compreensão diante do por-vir. Não é preciso se adiantar, ficar cricri quanto a isso. A própria conexão estabelecida com o si-mesmo, dá um sinal, que só pode ser visto/sentido, através de uma abertura que se conquista com tempo, respeito e comprometimento.
Tem sido difícil observar que as técnicas, os conceitos, as inúmeras formações, não preparam, nem tampouco deveriam, te preparar para ser você ao mesmo tempo em que exerce sua profissão. Às vezes psicoterapia pode ser o caminho para esses profissionais, mas acredito que falta um direcionamento mais claro e objetivo para eles, para além de um processo terapêutico.
É preciso aprender a lidar com o fardo de ser quem se é, de inovar a si mesmo e ao seu trabalho, de se angustiar por não poder resolver tudo na base da técnica e mesmo assim enxergar beleza nisso.
Não sei se faz sentido, gostaria de saber como isso chegou até vocês, colegas psis.
No mais, um abraço!
Comments